Jogo de dentro, jogo de fora!

Imagem: Escultura "O Pensador, Auguste Rodin, 1902.


Desde que deixei o sindicalismo metalúrgico em 1993, dedico meus estudos acadêmicos visando compreender às relações entre a arte e a política. Minha monografia de graduação, pesquisei  por meio da oralidade, a história do Coral Monlevade, um coral de operários da antiga Cia Belgo Mineira que, além de ter chegado a um nível artístico elevado, o coral funcionou como uma comissão de fábrica que sustentou as grandes greves que os metalúrgicos de Monlevade travaram no final da década de setenta.

Foi uma pesquisa maravilhosa, os cantores treinavam os naipes dentro da usina, de madrugada, quando não haviam chefes e discutiam as letras, os estilos com os outros peões. 

No mestrado, pesquisei o teatro anarquista na primeira república. Os anarquistas do período estudado, faziam arte doutrinária, por vezes muito carregada ideologicamente e com isso, priorizavam o conteúdo à forma.

Iniciei os estudos acerca da capoeira Angola rompendo com os limites dos métodos eurocêntricos, uma vez que, ao invés de apreendê-la pelo intelecto, busquei compreender pelo corpo, a sua linguagem corporal. Foram anos de prática, até que  consegui formular um projeto de tese ao qual busquei a associação entre a estética da capoeira Angola e suas repercussões éticas e políticas. Sendo uma arte de presentificacao, a capoeira ensina ao Capoeira, por meio de seus movimentos que são internalizados ao corpo, a agir de acordo com a ocasião.   

O mais interessante é que este é o maior ensinamento que Maquiavel dá ao príncipe: agir de acordo com a ocasião.       

Maquiavel, como sabem, fingindo dar lições aos princípes, dava ao povo lições de liberdade. O próprio Gramisci consideravavo partido o príncipe moderno.

A ocasião mais do que nunca exige a nossa a ação. E tal ação deve ir além da inclusão meramente econômica ou educacional. Nem a escola formal é capaz de fazer a tarefa de construir as bases sólidas para nossa emancipação. 

Desse modo entendido, o parlamento é um território no qual devemos fazer um belo jogo de dentro, ocupando, resistindo  e produzindo, mas conscientes de que a verdadeira luta se da  do lado de fora, onde disputamos as mentalidades.

Jogo manhoso, jogo de Angola.


Aberto a críticas, comentário e perguntas!

Axé.

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